A alemã BMW parte para cima do mercado das Harley-Davidson com a custom R18, bicilíndrica de 1.800 cc
A alemã BMW parece disposta a apertar ainda mais o cerco contra a rival Harley-Davidson, e invade o território do inimigo. A nova R 18 mata dois coelhos com uma só cajadada, como se dizia antigamente: atende à consolidada tendência retrô e traz a marca da Baviera de volta ao campo das cruisers, como são chamadas nos EUA, ou custons, como as chamamos no Brasil. O visual é maravilhoso, essencial, purista e despojado, inspirador de músculos e potência, aquela coisa de testosterona e couro preto que os gringos adoram. Não exagera no plástico, reforçando componentes metálicos, couro etc. Ao mesmo tempo evoca as tradições da marca, remetendo ao belíssimo e histórico modelo R 32 de 1923, revolucionário à época. A R 32 foi a primeira moto a ostentar a sigla BMW.
O projeto gira em torno do motor boxer refrigerado a ar e óleo (são 1.802 cc em dois cilindros contrapostos com virabrequim longitudinal), o maior já produzido pela marca da hélice. Esse flat twin entrega 91 cv a 4.750 rpm e um portentoso torque de 16,1 kgf.m a 3.000 giros. Claramente, não pilotamos a moto, lançada em meio à pandemia mundial, mas dá para “ouvir” mentalmente o ronco lento, compassado e grave emitido pelos cilindros através dos dois enormes escapes cromados (um sistema de cada lado) e “sentir” o empuxo vigoroso desde as mais baixas rotações. A partir de 2.000 giros já são entregues cerca de 15 kgf.m. Brutal!O eixo cardã exposto faz parte da homenagem à R 32 e é um encanto a mais para os puristas da boa mecânica. A balança é bilateral, ao contrário das demais BMW de cardã.
A suspensão traseira simula o visual de um rabo-duro, a motos de traseira rígida, que tinham molas apenas no selim. Tem regulagem de pré-carga da mola e 90 mm de curso. O garfo dianteiro de 120 mm de percurso e 49 mm de diâmetro é convencional, lembrando outro modelo histórico da marca, o R5, pelas coberturas metálicas nas bengalas.
O quadro de berço duplo, tubular em aço, também é uma reminiscência desse espetacular modelo lançado em 1936.
A moto tem tão somente aquela eletrônica embarcada engajada no desempenho e segurança, e dispensa qualquer floreado dispensável: a ideia é ser essencial, purista.
O sistema de freios inclui dois discos dianteiros flutuantes e um traseiro, todos com pinças de 4 pistões. As rodas são raiadas com aros de alumínio pretos.
A R 18 oferece três modos de pilotagem: Rain, Roll e Rock (legal a ideia de rock and roll!). Em termos de entrega de performance, algo como “chuva”, “estrada” e “esporte”.
A eletrônica inclui controle de estabilidade comutável, controle de torque e, naturalmente, ABS de 2 canais. Dois acessórios são muito úteis: o assistente de partida em subidas, ótima em motos pesadas; e a marcha a ré elétrica.
A BMW oferece muitos equipamentos opcionais para a personalização do modelo, outra exigência do público desse tipo de moto, e a R18 já vem com conexões nos sistemas hidráulicos de comando para facilitar a instalação do guidão mais alto, oferecido como opcional.
A R18 visa também o crescente público europeu de custons, usuário de Harley. E o mercado brasileiro?
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