A Honda GL 1800 Gold Wing acaba de ser eleita por alguns dos mais importantes jornalistas do Brasil, e também por um grupo selecionado de consumidores experientes, a Moto Premium do ano de 2020, superando outros 42 modelos de diferentes categorias e estilos, presentes à avaliação. Ela atingiu a nota máxima na votação livre, sendo consagrada com a Grande Medalha de Ouro da competição.
A premiação reconhece a excelência da tecnologia, do projeto arrojado e o excepcional desempenho da mais atual versão desta touring, em evolução constante há 46 anos. A primeira Gold Wing foi revelada em 1974, e foi a grande sensação do Salão de Colônia, Alemanha, naquele ano. Já incorporava a vocação e as características de uma estradeira de longo curso, mesmo sem proteção aerodinâmica. Na época, foi uma revolução, a maior motocicleta japonesa até então. Montava um revolucionário motor flat de 1.000 cc, com quatro cilindros opostos dois a dois. Essa versão inicial da “asa dourada” chegou ao Brasil em 1975 e para muitos ainda é a imagem de um sonho.
A pioneira e vanguardista GL 1000 foi produzida até 1979. O motor boxer de quatro cilindros foi crescendo. Em 1980 tornou-se GL 1100 e, em 1984, GL 1200. Em 1988 foi lançada a Gold Wing GL 1500 com o primeiro motor boxer de seis cilindros da marca. Do alto de seus 1.520 cc de cilindrada, oferecia desempenho e suavidade de funcionamento inéditos. Mas a Honda seguiu evoluindo tecnologicamente e impondo à sua moto flagship o que de melhor surge em soluções mecânicas e eletrônicas. Em 2001 surgiu o motor de 1.823 cc, injeção eletrônica e chassi de alumínio, mantendo a GL 1800 como uma motocicleta muito superior às demais touring do mercado.
A versão atual segue a tradição de inovação tecnológica e engenharia de vanguarda: foram registradas nada menos que noventa patentes pela Honda durante o desenvolvimento deste projeto. O objetivo do engenheiro Yutaka Nakanishi, líder do projeto desta Honda GL 1800 Gold Wing, foi construir uma motocicleta de luxo com toda a tecnologia de ponta da atualidade –mas igualmente viável para ser utilizada no dia-a-dia.
A Honda Gold Wing tornou-se 48 kg mais leve nesta bagger –com alforjes laterais fixos– premiada, em relação à versão anterior. O motor rende 10 cv a mais de potência, entregues pelo câmbio de seis marchas, de engates macios e precisos. A transmissão final é por eixo cardã, livre de trancos, ruídos e com intervalos de manutenção bem espaçados, certamente apenas preventiva.
Uma verdadeira revolução é a suspensão dianteira de inspiração automobilística, com sistema de duplo A, ou double wishbone (wishbone é o “ossinho da sorte” do frango, aquele fininho, em formato de V). A suspensão frontal tem amortecedor único em lugar do garfo telescópico. Um sofá ao rodar, com ou sem garupa, e uma superesportiva na hora de fazer curvas: uma das melhores suspensões motociclísticas que experimentamos em 40 anos de profissão.
O sistema utiliza duas bandejas, uma superior e uma inferior, com um conjunto de mola e amortecedor central, proporcionando maior leveza no guidão e mais espaço para a instalação de acessórios eletrônicos. É um belo projeto de engenharia. Essa obra de engenharia está oculta sob uma roupagem, estreita e aerodinâmica, que comporta a iluminação em LED na dianteira e na traseira –em forma de asas, o que fortalece a identidade desta tourer.
la dolce vita
Pilotar a Honda Gold Wing é uma experiência única e inesquecível. É um conjunto de equilíbrio quase perfeito, com apoio eletrônico eficiente e amigável, transmitindo total segurança.
A suspensão proporciona ótima qualidade de condução, total controle e precisão nas curvas, atuando efetivamente de forma separada da direção e da frenagem, e impondo muita segurança ao atacar curvas, sejam de baixa ou alta velocidade.
A geometria do chassi de alumínio de dupla trave foi pensada exatamente para atuar com a suspensão dianteira e por isso a Gold Wing é mais ágil e tem maior estabilidade em todas as condições.
A suspensão traseira se vale de um monobraço Pro-Arm conectado ao sistema Pro-Link, favorecendo não só a performance, com uma atuação mais progressiva que fornece maior estabilidade e conforto, mas também a manutenção e o design. A suspensão tem quatro opções de ajustes: só piloto; piloto e bagagem; piloto e garupa; piloto, garupa e bagagem, todas por meio de comandos eletrônicos no punho esquerdo. A motocicleta incorpora marcha a ré, elétrica.
O motor de seis cilindros (contrapostos tipo boxer) adota cabeçotes Unicam com um único comando para acionar as quatro válvulas de cada cilindro. Com 1.833 cc de cilindrada, rende 126 cv frente aos 118 cv da geração anterior, e disponibiliza um torque máximo de 17,34 kgf.m ante os 17 kgf.m de antes. Também está 6,2 kg mais leve e 33,5 mm mais curto, o que colaborou para o emagrecimento do conjunto.
O acelerador eletrônico disponibiliza quatro modos de pilotagem: Tour, Rain, Sport e Econ,
alterando não só as respostas ao acelerador, mas também as suspensões. O modo Sport proporciona respostas mais nítidas do acelerador e enrijece as suspensões, para uma tocada mais esportiva. O modo Sport é surpreendentemente agressivo: nele, ela se torna um canhão, uma verdadeira superesportiva…
A posição de pilotagem é excelente. O guidão está mais próximo ao piloto e o cockpit passa a impressão de espaço para o piloto. O sistema de freios é combinado, com ABS de última geração distribuindo a força de frenagem nas duas rodas, também de acordo com o modo de pilotagem escolhido. Na dianteira, discos de 320 mm fazem parceria com pinças de seis pistões contrapostos e na traseira um único disco é mordido por uma pinça deslizante de três pistões.
A Honda Gold Wing utiliza rodas de liga leve, sendo a dianteira de 18 polegadas, calçada com pneu 130/70 e a traseira de 16 polegadas, com pneu 200/55, garantindo segurança mesmo quando as inclinações chegam no limite.
No cockpit, se destaca o painel com dois mostradores analógicos e a tela TFT colorida de 7 polegadas com todas as informações dos sistemas de áudio, navegação, controle de tração, dos modos de pilotagem, regulagens de suspensão e piloto automático. Há também porta USB e conexão Bluetooth para agregar periféricos eletrônicos. O para-brisa tem acionamento elétrico através de botão no punho esquerdo –e protege bem.
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