Os fabricantes de automóveis volta e meia se aventuram em duas rodas. Em 1947 a Fiat projetou e construiu um protótipo genial: a Moto Major, ainda hoje revolucionária e inovadora.
Por: Gabriel Marazzi
Alguns fabricantes de carros também fazem motos. E vice-versa. A alemã BMW é o mais patente dos exemplos, mas a inglesa Triumph, que também fez excelentes automóveis esportivos e agora nos oferece algumas das melhores motocicletas que existem, não deve ser esquecida.
A marca de maior volume, sem dúvida, é a Honda, mas a também japonesa Suzuki segue seus passos.
Marcas como NSU, DKW e Peugeot, historicamente, também se enveredaram nos dois caminhos, sem mencionar algumas motocicletas ou automóveis especiais, como Maserati e KTM, ou mesmo Dodge e Aston Martin. Esqueci alguém? Pode ser.
A Audi nunca produziu motos, mas atualmente é a dona da Ducati, a italiana que também tem uma orgulhosa história, e pertence ao grupo Volkswagen, cujo nome figura em um curioso exemplar artesanal, a motocicleta Von Dutch XAVW. Ah! E também na bem sucedida marca brasileira Amazonas, que utilizou, nos anos 80, motores VW para produzir suas enormes motocicletas.
A GRANDE ARTE
O que dizer, então, da Fiat? A gigante italiana quis, por duas vezes, entrar para o apaixonante mundo dos veículos de duas rodas, sem sucesso. Da primeira vez o resultado foi um scooter, em 1938, bonitinho até, e nove anos depois veio a pura arte em design mecânico.
Em 1947, com investimentos bem substanciais, surgiu a Moto Major, um verdadeiro ensaio aerodinâmico e artístico em forma de motocicleta, fruto da criatividade do engenheiro italiano Salvatore Maiorca.
Além do visual futurista, avançado para a época, a Moto Major é tecnicamente inovadora. A estrutura é exatamente o que se vê, um monobloco de chapas de aço que envolve a mecânica, escondendo o motor monocilíndrico de 350 cc com tecnologia aeronáutica. A refrigeração a ar é forçada por ventoinha, o câmbio tem quatro marchas e a partida é por um pedal removível. Um motor de dois cilindros refrigerado a água chegou a ser projetado, mas não construído.
O melhor da moto Major, no entanto, eram as suspensões. Ou a falta delas. O amortecimento de impactos era feito por um sistema conhecido por rodas elásticas, ou seja, as rodas da Moto Major estão ligadas ao chassi por meio de coxins de borracha dentro dos cubos. Esse sistema, convenientemente adequado para uma época anterior aos garfos dianteiros e aos braços oscilantes traseiros, era muito melhor do que os “rabos duros”. Dizia-se, também, que o funcionamento do sistema, sob o ponto de vista de absorção de choques e estabilidade direcional, era bastante satisfatório.
A motocicleta da Fiat não passou da fase de protótipo e um deles, ainda em sua forma original, sem restauro, pertence ao alemão Hockenhein Museum e costuma ser exposto em encontros de veículos clássicos e outros museus.
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