Fireblade é puro fogo! Com tecnologia desenvolvida na MotoGP, a superbike da Honda muda tudo e esquenta a disputa nas pistas com total performance e eletrônica
Por: Eduardo Viotti
A Honda resolveu esquentar o páreo entre as superbikes, um nicho de mercado em que as europeias estão investindo pesadamente, além das outras japonesas, claro, especialmente a Kawasaki.
Assim, para superar BMW S 1000 RR, Ducati Panigale V4 e também as Kawasaki Ninja ZX-10R e Suzuki GS-X 1000R, estas duas um pouco mais baratas, a marca líder vem com tudo. A nova Honda CBR 1000RR-R Fireblade SP 2022 chega por cima em projeto, performance, eletrônica embarcada e preço.
Com preço sugerido pela fábrica de R$ 159 mil (tendo como base o ICMS adotado no DF e sem incluir frete e seguro), a Fireblade SP traz novos chassi, motor e sistema de suspensão, incorporando soluções técnicas que foram adotadas na RC 213V-S, a versão da MotoGP do multicampeão Marc Márquez que a fábrica adaptou para uso estradeiro –e não chegou ao Brasil.
A moto tem muita coisa. O motor, um quatro-em-linha transversal refrigerado a água, com duplo comando para as 16 válvulas, atinge a potência máxima de 216,2 cv a 14.500 rpm e o pico de torque, aos 12.500 giros, é de 11,5 kgf.m. Vê- -se logo que é uma moto de pista, com todo o desempenho apresentado nas altas rotações. É um motor superquadrado, com o diâmetro dos pistões (81 mm) muito maior que o curso (48,5 mm), típico de projetos para regimes de giros altos. Essas dimensões internas são as mesmas do tetracilíndrico que equipa a Honda RC 213V, oito vezes campeã do MotoGP. Exclusivas ligas metálicas e metais raros foram aplicados. A ponteira Akrapovic é em titânio, por exemplo, e os pistões usam a mesma liga de alumínio da moto de Márquez. Os coletores do escape 4x2x1 são ovalizados, proporcionando maior velocidade na exaustão.
MECÂNICA SOFISTICADA
Além de mais potente, o motor da Fireblade 2022 ficou mais compacto e leve. A taxa de compressão elevada, de 12,2 para 1, indica o uso de gasolina premium.
Os circuitos de refrigeração e de lubrificação também foram otimizados, adotando soluções inovadoras.
O desenho de carenagem também é todo novo, com a adoção de aletas triplano nas tomadas laterais de ar, que elevam a downforce (pressão aerodinâmica para baixo) em altas velocidades, melhorando a estabilidade. Na frente, uma ampla tomada de ar se conecta diretamente com a caixa do filtro de ar, “sobrealimentando” o motor nas velocidades mais elevadas. O spoiler inferior é longo, chegando perto do pneu traseiro, melhorando o coeficiente dinâmico e garantindo que ele tenha maior aderência em pisos molhados, pois recebe menos água espirrada.
O cockpit tornou-se ainda mais compacto, com uma posição mais aguerrida e que oferece menos resistência ao ar. O minúsculo e levíssimo quadro de alumínio (apenas 4 kg) contribui para essa geometria, posicionado à frente do motor, que é, por sua vez, parte integrante do chassi, ancorando a balança e o amortecedor traseiros. As suspensões são da sueca Öhlins, eletrônicas, que se ajustam de maneira semiativa e também permitem regulagens pelo piloto, de acordo com peso, condições do piso e traçado da pista. O amortecedor de direção, da mesma marca, também é eletronicamente ajustável em três níveis de intensidade.
A CBR RR-R é equipada com uma IMU de 6 eixos, sensor que controla os movimentos da moto e envia ordens para os atuadores: ABS de curvas, controle de tração, limitador de empinadas e de largadas. São três modos de pilotagem, todos permitindo ajustes da entrega de potência, freio-motor e controle de tração. O câmbio de 6 marchas tem quick shift para cima e para baixo.
LEVE E FEROZ
A Fireblade 2022 pesa, em ordem de marcha, 201 kg (189 kg a seco), com uma distribuição de massas cuidadosamente planejada para o equilíbrio dinâmico no limite. O novo chassi, com sub-chassi traseiro fixado pelo centro e o motor como elemento de apoio da estrutura colabora para isso.
Os freios são da grife Brembo, Stylema, com pinças de fixação radial e quatro pistões mordendo discos de 33 cm.
A eletrônica contempla ainda um sistema de controle de levantamento da roda traseira em frenagens, através do Cornering ABS, que atua em dois modos comutáveis: Sport, para estrada, e Track, para pistas de competição.
As rodas leves têm 5 raios em V e calçam pneus 120/70- 17 na frente e um largo 200/55-17 atrás.
PAINEL E JOYSTICK
O painel da CBR é uma tela de TFT colorida de 5 polegadas com inúmeras informações, inclusive para treinos de pista, com tempos de voltas etc. Tem alta resolução. É através dela que o piloto configura o modo com que vai pilotar a sua motocicleta, e como ela vai reagir aos seus comandos.
O punho esquerdo incorpora um joystick para a programação da pilotagem e das informações a serem exibidas.
A Fireblade tem chave por aproximação –inclusive para a trava do guidão–, dispensando o miolo tipo fechadura, o que facilita a passagem do canal do ram-air.
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