top of page
  • Foto do escritorMoto Premium

Motociclista sem moto!

Atualizado: 21 de mai. de 2020

Por: André Ramos

Motociclista sem moto! Os economistas garantem que é melhor não ter uma moto cara para usar apenas de vez em quando… A solução pode ser compartilhar! Ou alugar!

Entre os pilares defendidos pelos educadores financeiros para aqueles que buscam rentabilizar seu dinheiro, figura inevitavelmente a ênfase à aquisição de ativos, com o menor número possível de passivos.

Se você não está familiarizado (ainda) com estes conceitos, vamos à explicação. Grosso modo, ativo é tudo aquilo que você compra que, a partir de então, passa a gerar (ou a reverter) dinheiro para você. Por exemplo: boas ações, imóveis, fundos imobiliários, debêntures etc.



O seu oposto são os passivos, que é tudo aquilo que você compra e te gera despesa e que em geral, vai se desvalorizando com o passar do tempo. Por exemplo, carros, smartphones, eletrodomésticos, eletrônicos, motos...

Sim, motocicletas são parte dos passivos. Desde o momento em que as adquirimos, imobilizamos um capital que passará a se desvalorizar com o passar do tempo e sua posse vai gerar uma esteira de custos com manutenção, impostos, seguros e por aí afora.

TIRANDO A PROVA

Embora você saiba que uma motocicleta tende a desvalorizar- se a partir do momento que sai da concessionária e que bons investimentos tendem a multiplicar o seu capital ao longo do tempo, utilizando-se dos benefícios dos juros compostos (a mais poderosa força do Universo, segundo o próprio Einstein), vamos tentar comprovar isso.

Em 2014, uma BMW F 800GS Adventure custava em valores da época R$ 47.900,00. Em um cenário fictício em que ela não sofresse depreciação, este valor seria hoje de R$ 65.609,17. Entretanto sua equivalente atual, a F 850GS Adventure Premium, está custando R$ 52.897,00.

Imaginemos que você fi cou com a F 800GS Adventure até hoje. Tirando todos os gastos que você teve neste período com manutenção, taxas e seguros (isso se não tiver tomado multas, levado um rola, coisas passíveis de acontecer), a moto estaria valendo hoje (dezembro/19) R$ 34.157, segundo a tabela Fipe. Ou seja, sem considerar a inflação, há uma desvalorização de R$ 13.743,00. Com ela, o prejuízo foi de R$ 31.452,17. A diferenca para o valor da moto equivalente hoje (F 850 GS Adventure Premium), zero quilômetro, é de R$ R$ 18.740,00.



SEM TEMPO


Outro fator que tem levado muitos motociclistas a questionar a manutenção de uma moto (geralmente de alto valor) na garagem é a falta de tempo para os passeios.

O exercício da paternidade, viagens profissionais, compromissos familiares, educacionais, mudanças de emprego, violência nos grandes centros… Muitas vezes essas razões fazem a moto ficar parada na garagem por meses. Mesmo assim, muitos não querem deixar de ser motociclistas – quem de fato o é, sempre será. Como resolver a questão?

Começam a surgir empresas oferecendo um tipo de serviço que ganha adeptos rapidamente: o de compra compartilhada, ou time sharing para motocicletas.

Diferentemente do serviço de locação, no sistema de posse compartilhada o interessado adquire a cota de uma motocicleta. A partir daí, ele passa a ser proprietário de uma fração do bem e a ter direito de usar a moto por um determinado número de dias por mês. Neste modelo, todos os custos com manutenção, documentação, seguro etc., são divididos de maneira proporcional entre os cotistas.

ANDANDO DE MOTO

O economista Gustavo Carvalho, 39, sempre foi um hard user da motocicleta e quando casou, sua esposa passou a acompanhá-lo em suas viagens; chegaram a rodar 75 mil km com sua Suzuki DL 1000 V-Strom. Em 2012, quando ela engravidou, as viagens cessaram e a moto foi vendida. Quando Gustavo decidiu comprar uma nova motocicleta, percebeu que poderia estar diante de um novo negócio.

“Fui até uma concessionária na intenção de comprar uma (BMW R) 1200GS, mas eu sempre fui um cara de fazer conta, pão-duro mesmo: a moto custava na época R$ 75 mil e percebi que não valeria a pena comprá-la diante das vezes em que conseguiria usá-la: por baixo, eu perderia R$ 20 mil por ano com depreciação, associada à perda de rendimentos em aplicações”, recorda-se. “Aí comprei uma (F) 800GS, gastei pouco mais da metade e como imaginei, rodei bem pouco com essa moto. Foi então que saí do banco e comecei a formatar um modelo de negócio que também me permitisse voltar a andar mais de moto. Tentei montar com alguns amigos mas dava muito trabalho compartilhar com eles, pois não tinha um terceiro administrando, então, decidi largar tudo e fazer a coisa sozinho”, complementa Gustavo que inspirou-se em empresas que já fazem este tipo de negócio no mercado de helicópteros, aviões e casas de veraneio, para criar a 4 Ride.

O início das operações da 4 Ride aconteceu oficialmente em 2017, operando então com apenas três motocicletas.

O sistema da empresa é, em tese, bem simples: 4 pessoas dividem a compra de uma moto em frações individuais de 25% cada, passando, então, a ter direito de uso de 25% do tempo e rateando a manutenção do bem proporcionalmente em relação ao uso. Além de poder usar a moto uma vez por semana em cada mês, o cotista tem direito a realizar uma viagem longa por ano.

O contrato tem vigência de dois anos. Após este período, expira a garantia de fábrica da moto e ela é vendida. O valor obtido na negociação é rateado entre os cotistas, obedecendo o mesmo critério de proporcionalidade.

Para chegar ao valor da cota individual para cada motocicleta, Gustavo considera, além do investimento na compra, os custos com documentação, emplacamento, seguro obrigatório, IPVA, rastreador, entre outros, considerando-se o prazo de dois anos. Além deste valor, cada membro do grupo paga uma taxa de R$ 300,00 para que Gustavo administre o negócio e harmonize a relação entre os cotistas.

Para rodar com a motocicleta, o cotista precisa avisar qual final de semana deseja fazer o uso. A preferência é por ordem de solicitação –e se chover, azar. Existe, entretanto, a possibilidade de você usá-la no final de semana seguinte ou em outro qualquer: basta que alguma moto esteja vaga.

“Acontece certas vezes, de alguma moto ficar parada em um final de semana e aí um cliente me liga questionando se há moto disponível. Havendo, o cliente pode vir até a empresa e pegar a moto sem custo adicional algum, ficando depois apenas inserido no rateio da manutenção daquela motocicleta na proporção em que rodou”, acrescenta Gustavo.

Foi exatamente isso que aconteceu com Gabriel Moreira, 44, que desde o começo de 2018 possui uma cota de uma BMW R 1200GS na empresa. Em certo final de semana, um casal de amigos viajaria à praia. Para não pegar trânsito, Gabriel cogitou a possibilidade de descer a serra de moto, mas como não era o seu final de semana de usar a moto da qual é cotista, questionou Gustavo se havia alguma moto parada na data. Diante do aceno positivo, ele não só conseguiu fazer o passeio, como também, voltou impressionado com o modelo pilotado.

“Esta não foi a primeira vez que recorri a este recurso: já rodei com Triumph Tiger (duas vezes) e Bonneville, uma outra BMW R 1200GS e desta vez, andei na Honda X-ADV. Inicialmente, cheguei a ficar receoso de descer com ele, pois além de ir acompanhando um amigo de 1200GS, ia com minha esposa na garupa, mas tanto eu como minha esposa nos surpreendemos com o seu desempenho e conforto”, confessa, o que mostra também, uma outra vantagem da compra compartilhada: experimentar de maneira intensa, outras motos.

Os clientes da 4 Ride retiram as motos na sexta-feira e ficam até quarta ou quinta-feira da semana seguinte com elas. Caso aconteça alguma eventualidade ou dano com o bem, o cotista é quem assume os custos com os reparos ou pagamento de franquias. No momento da saída da moto é feito um check list e tiradas fotografias, que depois são cadastradas na conta do cliente e ficam disponíveis a ele através de um aplicativo. No retorno do bem, o mesmo processo acontece, de modo que tudo fica transparente para todos. Eventuais multas também são de responsabilidade individual de quem as levou.

Como a motocicleta fica sob a responsabilidade da 4 Ride, é ela também quem se encarrega de toda a burocracia relativa ao bem (pagamento de documentação), bem como de sua manutenção: Gustavo faz o básico como lavagens, lubrificação e esticamento da corrente, folga da embreagem, etc, mas manutenções mais específicas são feitas na concessionária da marca de cada motocicleta.

Neste modelo de negócio, a única preocupação que você terá é de regular os espelhos e acelerar, pois no momento da retirada a moto estará prontinha para o rolê, acabando até mesmo com a preocupação com vaga de garagem.


PESSOAS CERTAS

Segundo ele, o negócio tem funcionado bem porque, além do uso de um bom sistema de gestão, existe um processo cuidadoso na hora de incluir novos cotistas à empresa.

“Fazemos uma análise do perfil da pessoa, que precisa enquadrar-se dentro de nossa exigência: ter acima de 30 anos, experiência anterior em moto grande e 3 anos de CNH categoria A. Se o cara não tem experiência com moto grande mas tem experiência com moto, a gente pede a ele que faça um curso de pilotagem, após o qual, sentindo-se apto, pode entrar”.

Gustavo afirma que este sistema tem dado certo graças à honestidade das pessoas. “Claro que a pessoa pode mentir, mas ela assina um termo dizendo que possui tais credenciais e se mentir e der problema, será ele quem irá sofrer a consequência, pois a responsabilidade por prejuízos é individual. Hoje quando um cara derruba uma moto ele vem me falar; nem preciso olhar. Temos sócios certos. Achamos as pessoas certas e funciona bem por conta disso”, acredita.

Dividir a posse de um bem –ainda mais de alto valor– com outras pessoas pressupõe o exercício de bom senso e principalmente da responsabilidade. Para evitar que alguém cometa excessos, há um regulamento que norteia o uso das motos, estabelecendo algumas proibições, entre elas, empregá-las em cursos de pilotagem (on e off-road) e em trilhas, no caso das big trail.

“Uma coisa é o cara sair daqui e pegar rípio na Carretera Austral ou pegar 15 km de estrada de terra indo para a fazenda e a moto chegar toda suja; agora, ele não pode fazer trilha na Canastra. A moto tem rastreador por isso e se viermos a perceber alguma anomalia incomum, isso será checado, mas o perfil do sócio é de lazer. Se você quer uma moto para uso hard core, você terá de comprar uma para isso. Mas nunca tivemos problema”, revela Gustavo.

Por outro lado, todas as motos recebem top case (quando assim o permitem) e as big trails são equipadas como protetores de motor e de carenagem. Caso o cotista ainda queira acrescentar malas laterais à sua moto, ele terá de comprá-las. Quando há concordância de todos os cotistas, até mesmo um toque de personalização pode surgir, como aconteceu com uma H-D Fat Bob, que ganhou escapes esportivos.

Quando percebeu que em 2018, rodara somente 2.000 km com sua moto de mais de 1.000 cilindradas, Vitor Chiamente teve um estalo. “Na ocasião, pensei: não está valendo a pena. Essa moto tem de fazer alguém feliz. Foi então que decidi vender a moto. Fiquei dois meses sem moto, período em que esgotou-se minha sanidade mental e decidi comprar uma (BMW) G 310GS para o dia a dia, mas como ela não é adequada para a estrada, me sentia incompleto –e foi então que conheci a 4 Ride”, explica. “Peguei as simulações de valores deles e vi que batiam muito com as contas que eu tinha feito e percebi que fazia sentido compartilhar a moto”.

Segundo suas contas, com a posse compartilhada ele gasta algo entre 30% e 40% que gastaria caso comprasse a mesma motocicleta, além de não ter nenhuma preocupação com a manutenção e guarda da moto.

Depois do início com apenas três unidades, a empresa sediada na Vila Olímpia, bairro da Zona Sul paulistana, já conta com oito motocicletas e a expectativa para 2020 é de crescimento. “Até hoje a gente dizia que mulher e moto não se compartilhava, mas estamos mudando isso, pelo menos quanto às motos”, brinca. “Percebemos que quanto mais gente entra, mais gente quer entrar. É um modelo de negócio novo, uma mudança de cultura, da posse para o compartilhamento. Tem dado certo e as pessoas estão adotando esta nova forma de consumir e ano que vem, já está em estudo a abertura de nossa primeira filial, em São José dos Campos (SP)”, sinaliza Carvalho.


ALUGUEL: UMA OUTRA ALTERNATIVA

Também recente no mercado brasileiro, o sistema de locação de motos começa a ganhar adeptos e algumas empresas já operam nas regiões Sul e Sudeste oferecendo não apenas a possibilidade de uso da motocicleta, como também proporcionando experiências de viagens, guiadas ou não, tanto no Brasil como no exterior.

Uma dessas é a A&K Rentals, de Porto Alegre (RS), que desde 2012 oferece diversas modalidades de serviços neste segmento. A empresa surgiu da indignação de Flávio Diehl ao não conseguir alugar uma moto. No início ele tinha apenas uma BMW mas à medida que o negócio foi sendo divulgado, mais motos foram acrescentadas. Hoje são 10 motos, além de uma filial na Califórnia, a Premium Rentals & Tours, que leva brasileiros para rodar de moto pelos Estados Unidos. Pacotes de tours guiados ou não também são oferecidos para quem quer viajar pelo Brasil.

“O cliente pode escolher entre tours programados, aderindo a um grupo já formado, ou também pode comprar um tour autoguiado, onde ele escolhe o roteiro e faz a viagem por sua conta. Também oferecemos serviços de tour leader e carro de apoio para outras empresas do setor e reservas em hotéis, além, claro, da locação das motocicletas no Brasil e no exterior”, detalha. “Nosso cliente ainda pode contratar só o tour leader/road captain, que segue o roteiro determinado pela empresa com sua moto, ou só o carro de apoio que segue o grupo”, complementa.

Quando decidiu viajar para conhecer os Estados Unidos junto com a esposa, o funcionário público Rogério Santana, 45, optou por utilizar os serviços da A&K. “Os custos para levar a minha moto para lá eram muito mais altos. Depois de muita pesquisa, acabamos optando pela locação a partir daqui do Brasil –e não nos arrependemos”.

Embora proprietário de outras motocicletas, quando pensou em fazer sua primeira viagem pela América do Sul, o empresário Carlos Alberto Kampff não hesitou em procurar pelos serviços da A&K para locar uma big trail.

“É um sistema inteligente. Em vez de comprar uma BMW para fazer uma viagem, arcar com todos os custos de aquisição, seguro, manutenção, depreciação e ainda ter de vendê-la. Alugar acaba com tudo isso a um custo muito menor e com muito menos trabalho”, explica. “A locação, assim como o compartilhamento dos veículos, é muito mais inteligente, econômica, sustentável”.

Um outro nicho que Diehl passou a explorar há cerca de um ano é o de locação de motos de baixa cilindrada. Focado no mercado corporativo, ele faz a locação e gestão das unidades para as empresas interessadas, baseado em contrato com um ano de duração. “Não trabalhamos com pessoa física porque não compensa”, afirma.

A Rox Moto é outra empresa do setor que atua neste mercado. De Pablo Berardi, ex-jornalista especializado em motos e instrutor de pilotagem da TRX (Triumph Experience), a empresa sediada em Campinas (SP) surgiu a partir das observações que seu dono fez enquanto era tour leader e instrutor de pilotagem da Triumph.

“Em alguns destinos na Europa não há motos Triumph para alugar e além disso, outras questões que observei me fizeram tomar a iniciativa de criar a Rox Moto, que passou a ser um complemento ao que a Triumph oferecia. Hoje operamos viagens à Europa, Estados Unidos e também a locação de motos no Brasil”, explica Berardi, revelando que para 2020, novos serviços serão incorporados.

“Ainda é cedo para falar, mas vamos criar uma plataforma onde o cliente vai inserir seus dados e esta oferecerá a melhor solução para ele, a partir de suas informações”, explica. “Este é um segmento novo no Brasil e bastante desafiador, pois operamos com motos de alto valor e poucas coberturas de seguro, a depreciação é grande, tombos pequenos geram prejuízos, mas ainda assim é um mercado que tem muito a se desenvolver”, acredita.

No início de suas operações, a curitibana V-King comercializava peças para Harley-Davidson. Uma demanda frustrada por locação de motos fez com que a empresa passasse a alugar motos em julho de 2017.

Depois de começar com duas H-D, hoje a empresa tem em sua frota duas BMW F 800GS e seis CG 160 Start. Diferentemente da A&K, na V-King a locação de motos pequenas é oferecida também para pessoa física.

“Desde o início, tivemos procura de motos pequenas, grande parte por pessoas que dependem da moto para sesustentar. O motoboy, por exemplo, não pode ficar muito tempo sem moto, pois cada dia sem trabalhar é dinheiro perdido”, explica Guilherme Lisboa, que capitaneia a empresa com os sócios Daniel Del Conte e Augusto Binatti.

Guilherme adianta que o índice de sinistros é pequeno para este segmento. “Geralmente o pessoal cuida bem das motos, pois sabem que dependem delas para ganhar dinheiro e continuar trabalhando. O índice de acionamento de seguro é um pouco maior, em função do número de motos ser maior também”.

De acordo com o empresário, os resultados têm sido tão bons que eles já estudam ampliar a oferta deste tipo de serviço para outros Estados.


PISTA OU TRILHA? VOCÊ DECIDE!

Está no Rio de Janeiro e quer pilotar uma esportiva num autódromo mas não tem uma moto? Graças à Hooters Motors é possível exercitar seus dons de piloto.

Fundada em 2013 por Adelson de Menezes, a Hooters entrega a motocicleta já preparada para o cliente, levando em consideração seu peso, altura e nível de experiência, fazendo com isso o acerto das suspensões, pedaleiras e guidão. Além disso, o cliente ainda recebe almoço, frutas, hidratação e até equipamento de proteção, caso não possua.

A sua vibe é fazer uma trilha? A Hooters também oferece motocicletas Honda CRF 230F para passeios mais intensos, ou motos trail de rua, quando a proposta é mais easy e precisa inclui o tráfego por via pavimentadas.

SERVIÇO

• 4 Ride: https://www.4ride.com.br/

• A&K Rentals: http://www.aekmotos.com/

• ROX Moto: https://www.roxmoto.com.br/

• V-King: https://www.aluguel.v-king.com.br/

• Hooters Motors: https://alugueldemoto.com.br/

bottom of page