BMW R18

Andamos na Maxicustom alemã, que veio para cutucar a Harley. A R18 é um exagero, a apoteose de um estilo

Por: Eduardo Viotti

Freios com pinças de 4 pistões fixadas axialmente e rodas raiadas convencionais, concessão ao estilo purista retrô

Finalmente conseguimos andar na BMW R 18, a motocicleta custom que vem deixando os apreciadores do estilo babando. Pudera, ela tem um motor que mantém toda a tradição dos boxers (bicilíndricos opostos) da marca alemã, com a maior cilindrada já produzida em Berlim para uma moto.

Mesmo longe de seu ambiente ideal, a R 18 é uma delícia de pilotar

A R 18 é impressionante, longa, baixa, volumosa, voluptuosa e curvilínea, quase sensual. Simples aparentemente, esconde boa dose de recursos eletrônicos de apoio à pilotagem, desempenho e principalmente segurança. Mas expõe sem pejo seu motor imenso, com os dois cilindros se impondo nas laterais. Um espetáculo. Nem é preciso dizer que o acabamento é de luxo, primoroso desde as soldas aos cromados impecáveis, passando pelo couro e pelas costuras. Evoca as tradições da marca, remetendo ao belíssimo e histórico modelo R 32 de 1923, revolucionário à época. A R 32 foi a primeira moto a ostentar a sigla BMW.

O projeto da R18 gira em torno do motor boxer refrigerado a ar e óleo (são 1.802 cc em dois cilindros contrapostos com virabrequim longitudinal), o maior já produzido pela marca da hélice. Esse flat twin entrega 91 cv a 4.750 rpm e um portentoso torque de 16,1 kgf.m a 3.000 giros. O ronco é lento, compassado e grave, emitido pelos cilindros através dos dois enormes escapes cromados (um sistema completo de cada lado) e entrega um empuxo vigoroso desde as mais baixas rotações. A partir de 2.000 giros já são entregues cerca de 15 kgf.m de torque. Brutal!

Eixo cardã exposto é uma homenagem à R 32, modelo icônico de 1923 e também é uma beleza de engenho e arte mecânica

O eixo cardã exposto faz parte da homenagem à R 32 e é um encanto a mais. A balança é bilateral, ao contrário das demais BMW de cardã, que se valem de monobraço.

A suspensão traseira simula o visual de uma antiga rabo-duro, as motos de traseira rígida que tinham molas apenas na frente e no selim. Tem regulagem de pré-carga da mola e 90 mm de curso. O garfo dianteiro de 120 mm de curso e 49 mm de diâmetro é convencional, lembrando outro modelo histórico da marca, o R5, pelas coberturas metálicas nas bengalas. O quadro de berço duplo, tubular em aço, também é reminiscência desse modelo lançado em 1936.

PURISMO EM GRANDE ESTILO

A moto tem tão somente aquela eletrônica embarcada engajada no desempenho e segurança, e dispensa qualquer bugiganga dispensável: a ideia é ser essencial, purista.

O sistema de freios inclui dois discos dianteiros flutuantes e um traseiro, todos com pinças axiais de 4 pistões. As rodas raiadas tem aros de alumínio, bem ortodoxas.

A R 18 oferece três modos de pilotagem: Rain, Roll e Rock (legal a ideia de rock and roll!). Em termos de entrega de performance, algo como “chuva”, “estrada” e “esporte”.

A eletrônica inclui controle de estabilidade comutável, controle de torque e ABS. Dois acessórios são muito úteis: o assistente de partida em subidas, ótimo em motos pesadas; e a marcha a ré elétrica. A BMW oferece uma longa lista de equipamentos opcionais, e a R18 já vem com conexões nos sistemas hidráulicos de comando para facilitar a instalação de guidão mais alto.

PILOTANDO NA PISTA

A nossa experiência de pilotagem aconteceu na pista da Pirelli em Elias Fausto, no interior de São Paulo. É um circuitinho maravilhoso, réplica do português Estoril, feudo do nosso amigo Edu Zampieri, o Minhoca, piloto de testes daquela fábrica de pneus.

Guidão largo e de excelente empunhadura, bem cômodo

Os jornalistas estavam lá para a avaliação técnica da BMW F 900 R (veja nesta edição), mas a presença da luxuriante R 18 atraiu a todos.

Na pista, que não é nem de longe o melhor ambiente para essa longa cruiser, foi possível avaliar a brutal oferta de torque do gigantesco boxer, as retomadas de tirar o fôlego e, afinal, a boa estabilidade em curvas de qualquer raio. É claro que raspa as plataformas ou o descanso, todas as custom/ cruiser o fazem, mas não perde –literalmente– as estribeiras.

Os freios também se mostraram muito eficientes, mesmo em uma solicitação acima da habitual. A posição de pilotagem é extremamente confortável e não exagera no avanço dos pés. A moto é, em suma, deliciosa!

BMW R18

R$ 154.500,00

Velocímetro de ponteiro e LCD: marcando a origem alemã

DIMENSÕES

Comprimento (cm): 244

Alt./larg. (cm): nd/96,4

Entre-eixos (cm): 173,1

Peso (em marcha, kg): 345

Alt. do assento (cm): 69,1

Tanque (l): 16

MOTOR

Dois cilindros opostos, refrigerado a ar com radiador de óleo, DOHC, 1.802 cc

Alimentação: injeção eletrônica

Ignição: eletrônica digital

Partida: elétrica

Diâm/curso (mm): 107,1/100

Taxa de compressão: 9,6:1

Potência (cv/rpm): 91 a 4.750

Torque (kgf.m/rpm): 16,1/3.000

CÂMBIO

6 marchas, transmissão final por eixo cardã

CHASSI

Quadro: berço duplo tubular de aço, tirantes de sustentação parafusados

Bloco óptico redondo abriga LEDs de alta potência

SUSPENSÃO

Dianteira: garfo hidráulico com 120 mm de curso

Traseira: balança bilateral com monoamortecedor, curso de 90 mm

FREIOS

Dianteiro: dois discos de 300 mm com pinças de 4 pistões e ABS

Traseiro: disco de 300 mm com pinça de 4 pistões e ABS

PNEUS

Dianteiro: 120/70 - 19

Traseiro: 180/65 - 16