A menor tricilíndrica da marca mantém o desempenho empolgante e a tocada equilibrada em um visual discreto e minimalista
Por: Eduardo Viotti
A Trident 660 é o modelo de entrada no universo da marca inglesa Triumph no Brasil. Ela concorre diretamente com a Honda CB 650R de quatro cilindros e com a Kawasaki Z650 e a Yamaha MT-07, ambas bicilíndricas. A Trident, que traz no nome uma homenagem ao tridente, o símbolo da empresa, é uma tricilíndrica e oferece muita versatilidade de pilotagem em seu motor de três cilindros em linha com 81 cv de potência máxima a elevados 10.250 giros. O pico de torque de excelente 6,5 “quilos” chega bem antes, às 6.250 rotações. Como você já sabe, os motores de três cilindros em linha têm um meio caminho entre a potência em alta dos tetracilíndricos e o torque em baixa dos bicilíndricos. Além da Triumph, que os adota quase como uma marca registrada, estão de voga em modelos diferentes, como as Yamaha MT-09 e Tracer, as MV Agusta médias etc.
Ela tem preço apontado pela pesquisa Fipe de novembro de 2022 em R$ 50 mil reais, exatamente o mesmo valor sugerido pela montadora à sua rede.
Seu conjunto ciclístico é bem eficiente, embora não seja a última palavra. O quadro é tubular de aço e envolve o motor a partir de uma viga dupla superior e apenas a balança traseira bilateral é de alumínio injetado sob pressão.
As suspensões são da marca japonesa Showa, com 41 mm de diâmetro nas bengalas upside-down frontais. O curso não é divulgado pela montadora, mas não nos pareceu, durante a prolongada avaliação, um problema: não bate no fundo e a Trident é muito boa de curvas.
A traseira também corresponde a esse projeto, é um conjunto único e central de mola e amortecedor também da Showa, com regulagens de pré-carga da mola com o uso de ferramenta. Os pneus Michelin ajudam a colar no piso.
Na estrada o comportamento é exemplar e a moto vem ao encontro de uma tendência mundial de downsizing, em que há uma valorização das cilindradas médias com desempenho mais que suficiente para uma pilotagem civil. O que é exatamente o caso desta 660.
Na cidade, o comportamento é perfeito, quase exemplar: é leve, em movimento e parada, tem arrancada fluente e torque em baixa abundante e, se solicitada, anda muito forte, muito mais do que a maioria nas ruas.
Para grandes viagens, entretanto, a concepção minimalista, que elimina a rabeta e acomoda a pequena lanterna traseira sob o banco não é a ideal para a amarração de bagagens, a despeito da larga alça de apoio para garupa que fecha a traseira da Trident 660.
Para suprir a ausência do para-lama traseiro, um outro pequeno ao estilo raspador, fica bem perto do pneu. Funciona. A roda traseira não joga spray nas costas do piloto.
Dirigibilidade de motor menor
A Trident é compacta, o que é uma virtude na cidade. A postura de pilotagem é excelente, ao mesmo tempo sugerindo alguma esportividade pelas pedaleiras ligeiramente recuadas, e um bom conforto para longas permanências.
A pilotagem é deliciosa e empolgante, muito mais do que o aspecto meio discreto do modelo poderia fazer supor. Para começar, acelera muito, atingindo os 100 km/h em cerca de 4 segundos. De velocidade máxima, chega a superar, dependendo das condições, os 200 km/h. Precisa mais?
Ela oferece um bom nível de tecnologia embarcada, mas sem os exageros que estão na moda. O acelerador eletrônico sem cabos permite a adoção de dois modos de pilotagem, Road e Rain, em que o ABS e o controle de tração se tornam mais intrusivos.
O sistema de freios Nissin é bem convencional, mas perfeitamente dimensionado para o modelo. Na prática, a paradas são em espaços curtos, com progressividade, firmeza e bom tato.
A Trident tem o excelente acabamento da marca, soquete USB e um visual despojado, mas bem elegante, com banco inteiriço em dois níveis e ponteira de escape sob a moto. Discrição inglesa com desempenho brilhante.
Vida a dois
VISUAL 8
Discreto, compacto, com rabeta elevada e curta e escape “oculto” sob a moto
TOCADA 9
É muito mais forte do que parece: fácil e prazerosa de levar em qualquer condição
SEGURANÇA 9
Freios firmes e bem dimensionados, ABS de 2 canais, boas suspensões
MERCADO 8
A Triumph tem se marcado pelas bog trail, mas essa roadster urbana é excepcional
CONCORRENTES 8
É uma briga dura: CB 650R, Z650, MT-07… Mas a Trident não tem do que se acanhar
Papo Reto
MOTOR 9
Três-em-linha a água, moderno. Equilibrado e com um bom compromisso entre baixas e altas rpm
CHASSI 8
Tubular de aço tipo perimetral, bem firme e reforçado e um pouco pesado
CÂMBIO 8
Seis marchas bem escalonadas, com engates às vezes um pouco duros. Relação entre as marchas é adequada
SUSPENSÃO 9
Bons componentes da japonesa Showa, com regulagens de pré-carga na traseira
FREIOS 8
Pinças duplas de fixação axial na frente, ABS de 2 canais, frenagem seguras
O juízo final
Cool
Estilo, versatilidade de uso, acabamento e desempenho em geral. Motor é brilhante em uso civil.
Opps!
Painel pequeno e minimalista. Não há a possibilidade de colocar bagageiro ou top case para longas viagens.
Tiger 660
R$ 49.490,00
DIMENSÕES
Comprimento (cm): nd
Alt./larg. (cm): 108,9/79,5
Entre-eixos (cm): 140,1
Peso (em marcha, kg): 189
Alt. do assento (cm): 80,5
Tanque (l): 14
MOTOR
Tricilíndrico em linha, 660 cc, DOHC, 12V, refrigeração a líquido
Alimentação: injeção eletrônica
Ignição: eletrônica digital
Partida: elétrica
Diâm/curso (mm): 74/51,1
Taxa de compressão: 11,95:1
Potência (cv/rpm): 81/10.250
Torque (kgf.m/rpm): 6,5/6.250
CÂMBIO
6 marchas, transmissão final por corrente
CHASSI
Quadro: tubular de aço tipo perimetral
SUSPENSÃO
Dianteira: garfo telescópico invertido Showa com 41 mm de diâmetro
Traseira: balança monoamortecida Showa ajustável em pré-carga da mola
FREIOS
Dianteiro: Nissin, com ABS, fixação axial, 2 discos de 310 mm, pinça de 4 pistões
Traseiro: disco de 255 mm, pinça Nissin com 1 pistão
PNEUS
Dianteiro: 120/70 - 17
Traseiro: 180/55 – 17
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