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Usada BMW R 1100/1200/1250 GS

GS - A sigla é sinônimo de aventura e confiabilidade alemã. Veja o que você precisa saber antes de comprar uma usada!


Por: Guilherme Silveira


BMW 1100 GS, BMW 1200 GS, BMW 1250 GS
A mais notável marca registrada da R-GS sempre foi, e será, o motor de dois cilindros contrapostos

Lançada em 1980, a R80 G/S logo virou referência de resistência nos ralis de época, como o icônico Paris Dakar. De lá para cá, a R-GS (do alemão Gelände/Straße; ou simplesmente fora-de-estrada/asfalto) virou uma espécie de ícone, e até mesmo uma marca com identidade própria dentro da alemã BMW. A mais notável marca registrada da R-GS sempre foi, e será, o motor de dois cilindros contrapostos (boxer, assim como os antigos VW a ar). Além do ruído singular, a máquina é conhecida por sua longevidade, baixo centro de gravidade – muito embora complique em locais apertados, pela largura – e, sobretudo, pelo elevado torque e funcionamento “elástico”.

Assim, na constante busca por consumidores exigentes, a R-GS foi recebendo todo tipo de tecnologias possíveis em sua ciclística, tornando-se referência em conforto para longas viagens. No Brasil, coleciona admiradores desde os anos 1990, quando chegou por meio de importadores independentes.


MECÂNICA LONGEVA

Segundo o mecânico especialista Fernando Del Franco, conhecido como Boi, “uma das grandes virtudes, além da fama de ‘trator, é permitir a um motociclista, mesmo longe de sua melhor forma física, percorrer média de 1.000 km rodoviários por dia, tamanho o conforto oferecido pelo amplo assento e sua ergonomia relaxada.

Porém, segundo o expert, “apesar de se tratar de uma moto robusta e confiável, é imprescindível que passe por manutenção periódica. Do contrário, o que poderia durar muito e custar barato, pode sair caro se for necessária a troca de componentes”, explica.

O eixo cardã da transmissão final, por exemplo, pede checagem e limpeza de coifas e guarda-pó interno a cada 15 mil km, segundo Alex Bongiovanni, da Officine Moto. “Mesmo em motos com uso ‘suave’, que são lavadas ou pegam chuva, tende a entrar água e formar corrosão interna no cardan. Isso acaba por gerar desgaste na engrenagem entalhada do eixo do cardã, peça que na revenda passa de R$ 10 mil, e em outros componentes. Alex relata que o serviço completo, com posterior lubrificação interna da transmissão final, sai por cerca de R$ 800,00.

BMW R 1250 GS no Brasil
Nos modelos com refrigeração líquida nos cabeçotes: cuidado redobrado

Nos modelos com refrigeração líquida nos cabeçotes (a partir de 2013), Del Franco, o Boi, recomenda cuidado redobrado mesmo em pequenos tombos e quedas – sob pena de danificar os cabeçotes – e até por conta disso, o uso de protetores específicos para as tampas de válvulas.

Em relação aos fluidos, os experts recomendam a troca do óleo lubrificante a cada máximo de 6 mil km rodados, ante os 10 mil km indicados pela montadora – sempre o 5W40 indicado, e nunca um óleo mais viscoso, sob pena de não lubrificar corretamente os tuchos de válvulas.

Já a embreagem pede fluido específico – e não o mesmo de freio – dando-se preferência ao original (Vitamol), ou da marca Putoline. Se for usado um fluido inferior (ou com especificação diferente), corre-se o risco de a embreagem funcionar “baixa” e ficar ruim de acionar.


MOTO PARADA

Nas GS que ficam paradas por diversos meses, o ideal é trocar o fluido e fazer a limpeza da linha hidráulica. “Se não for tomada atenção neste ponto, o fluido sofre corrosão interna com a umidade, e cria uma borra que em pouco tempo causa mau funcionamento da central do freio ABS; o que pode sair caro se for necessário trocar o módulo”, completa Del Franco.

Ainda no quesito freios, Boi relata que em diversas unidades, as pastilhas traseiras acabam rápido, por conta do elevado peso atrás – especialmente quando se trata de motos usadas com garupa e malas para viajar.

Já Bongiovanni relata ocorrências nos periféricos da injeção eletrônica. “Por se tratar de uma injeção sem cabo de acionamento (fly by wire), caso ocorra carbonização excessiva de combustível nos corpos de borboleta, eles podem não “abrir” corretamente e assim perder a sincronia com o punho do acelerador, o que pode até mesmo levar até a parada da moto. A correção é feita com limpeza descarbonizante das borboletas, e posterior sincronização com o acelerador eletrônico via scanner, completa Alex. Nos modelos “a ar”, é comum a necessidade de regulagem das válvulas, assim como a verificação da correia do alternador.


BMW R 1250 GS 2022 no Brasil
A BMW se mantém firme na liderança dos novos emplacamentos na categoria pelo Brasil

MERCADO

Mesmo tendo crescido muito nas estatísticas de roubo (e furto), a BMW se mantém firme na liderança dos novos emplacamentos na categoria pelo Brasil. Segundo a Fenabrave, entidade que reúne as revendas, em dezembro de 2020, foram 388 novas unidades emplacadas nas ruas, com 270 em Janeiro de 2012. Para ter uma idéia, a 2ª colocada entre as big trail, a sua irmã menor GS 850, teve apenas 272 e 160 unidades, respectivamente, nos mesmos meses.

Dentre as usadas e seminovas, é uma moto com mercado aquecido, junto de um perfil de dono zeloso, que geralmente roda pouco. Motos com quilometragem mais elevada geralmente são usadas em viagens, o que indica desgaste menor em relação a motos de uso urbano, mais severo.

Ao buscar algumas unidades à venda na Internet, pudemos achar desde uma GS Sport de 2015 – menos desejada por conta das rodas de liga-leve – por R$ 46 mil pedidos, e apenas 25 mil km rodados pelo único dono. Naquela moto, só de protetores de cabeçote, motor, radiador (este de extrema valia para quem encara terra) e até do eixo-cardã, se tem mais de R$ 7 mil investidos em acessórios de fato úteis.

Já para ter uma GS 2016 Premium, há ofertas a partir de R$ 55 mil, com modelos em torno de 35 mil km rodados, bem cuidadas. Na busca pela cobiçada Rallye de 2018 encontra-se valores a partir de R$ 68 mil. Em diversas unidades pesquisadas, também há ampla oferta de acessórios originais, que acabam vindo de “brinde”.

O mercado, segundo o lojista Humberto Cury, o “Loro” da B&G Motos, “é sempre aquecido para as GS 1200 e 1250. Todas que entram na loja já praticamente tem compradores esperando, até porque as novas estão com atraso na entrega. O novo dono só não pode bobear e deixar a moto parada na rua, pois pelo menos o farol vai ser furtado; e só aí o prejuízo passa de R$ 12 mil”, comenta.

Ou seja, nem tudo são flores, mesmo para a alemã mais desejada do Brasil. Vai “abraçar” uma GS? Ótima escolha. Mas, lembre-se de separar a verba para a correta manutenção, e de preferência, contratar um bom plano de seguro.

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