Vulcão Superativo - A Kawasaki Vulcan S impressiona pelo conforto e desempenho para uma custom de média cilindrada. O motor de 650 cc é vigoroso e econômico a um só tempo
POR EDUARDO VIOTTI
A Kawasaki Vulcan S é surpreendente. Seu estilo de custom dark à japonesa sugere um desempenho conservador, para senhores e neófitos. Nada disso. Ela empurra para caramba, faz curvas raspando as pedaleiras (inclinação máxima de 35 graus para ambos os lados), além de ser econômica e excepcionalmente confortável.
Com preço de R$ 34.590,00 para esta versão black total, ela surge como uma excelente opção de compra para quem mora nos grandes centros e quer rodar com menos preocupação com ladrões e assaltantes. Há uma versão com grafismos de tanque, que sai por R$ 400,00 a mais.
O motor de dois cilindros paralelos de 649 cc de cilindrada, cabeçote de oito válvulas com duplo comando, refrigeração líquida e injeção eletrônica, é o mesmo da Versys e da Z650, mas tem a potência reduzida dos 69 cv das irmãs, para 61 cv a 7.500 rpm, porém com o torque máximo de 6,4 kgf.m surgindo antes, logo às 6.600 rpm (atinge o pico a 7.000 rpm nas irmãs). A diagramação específica dos comandos de válvulas e do sistema de admissão prioriza o torque em baixas rotações, melhorando as respostas da Vulcan nas arrancadas e nas retomadas.
Esse motor é bem elástico e proporciona arrancadas vigorosas e muito rápidas, bem como retomadas surpreendentes. O ótimo escalonamento do câmbio de seis marchas permite um aproveitamento racional do torque do motor e proporciona economia de combustível. Na estrada, a 100 km/h em sexta marcha, o motor gira a baixas 4.500 rpm. Para retomar ou ultrapassar, é só girar com vontade o acelerador (por cabos), que os motores responde imediatamente, sem a necessidade de reduções de marchas, o que colabora para uma tocada sossegada e confortável. O consumo na estrada, rodando a cerca de 100 km/h constantes e com a indicação ECO acesa no painel, ficou na casa dos incríveis 30 km/l. Na cidade, chegou a fazer 19 km/l. Ela não oferece miota eletrônica embarcada, como modos de pilotagem, ou controle de tração, ausentes.
A iluminação também é inteiramente por lâmpadas convencionais, o que está ficando rapidamente no passado, com o barateamento e a disseminação de uso dos LEDs.
O motor é envolvido pelo alto por vigas de tubos de aço de grande diâmetro, em um quadro tipo diamond –termo que define o uso do bloco como elemento estrutural– com ótima rigidez. A geometria, entretanto, com o ângulo de cáster mais aberto que o das irmãs, para corresponder ao conceito custom, não colabora para as manobras de baixa velocidade em meio ao trânsito apertado. A baixa altura do banco até ajuda nas manobras, mas a agilidade não é o ponto alto, afinal são 228 kg de peso em ordem de marcha.
A Vulcan S gosta mesmo é de estradas com curvas amplas, nas quais mostra o seu potencial de estabilidade superior se comparada às outras máquinas da categoria.
A suspensão dianteira utiliza garfo telescópico convencional e a traseira um monoamortecedor ligado por links à balança de alumínio. A mola traseira tem ajuste de pré-carga em sete níveis, ótimo para viajar com garupa ou adequar a moto ao peso e estilo de pilotagem de cada um. O conjunto mola/amortecedor traseiro é deslocado para a direita da balança e fica exposta na lateral direita. Era assim na ER-6n, que foi substituída pela Z650, com o amortecedor traseiro centralizado. O funcionamento do conjunto é claramente superior ao das motos que adotam balança com dois amortecedores laterais na traseira e uma tocada mais aguerrida é muito bem aceita pela Vulcan S 650.
A ergonomia é típica de motocicletas custom, com as pernas à frente, em ângulo de 90 graus. O guidão é largo e aberto: dá bastante conforto na tocada e firmeza nas manobras. No corredor, entre os carros, atrapalha um pouco.
As pedaleiras do piloto são reguláveis e permitem o acerto perfeito para diversas estaturas de motociclista. Um detalhe bem pensado.
Os freios são a disco nas duas rodas, com pinça de dois pistões na dianteira e de um só pistão na traseira. Com a ABS moderno, garantem curtos espaços de frenagem.
O banco do piloto é amplo e confortável o suficiente para uma viagem mais longa, e o garupa vai bem, apesar do tamanho reduzido do assento e da posição elevada das pedaleiras traseiras.
O painel –bem localizado sobre a mesa, onde permite melhor leitura do que sobre o tanque, onde é comum encontrar-se nas custons–conta com um conta-giros analógico principal com um display digital logo abaixo, com velocímetro, odômetros, nível de combustível, indicador de marcha, computador de bordo, relógio e o utilíssimo aviso Eco para policiar a mão do condutor e induzi-lo a acelerar sempre dentro da faixa de maior economia de combustível.
O design tem muita personalidade e não há nada parecido no mercado. Na verdade, suas concorrentes são as inglesas de estilo clássico, pois não há outra custom nessa faixa de cilindrada e preço. Honda e Yamaha saíram desse segmento há vários anos.
A Kawasaki Vulcan S tem uma vantagem bem brasileira: ela é pouco visada por meliantes, por ter aspecto mais conservador e menos esportivo. Assim, valores de seguro tendem a ser menores, além de permitir seu uso nas grandes cidade sob menor carga de estresse.
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